
E nasce mais um
Prole
No filho: olhar de afluente, de coadjuvante
Na mãe: coração de mar
Em nudez de individualidade palpável
sua fluidez biológica de besta não encontra barreiras, e irradia
E então ela irradia e ele é em glória, animal
E como o bebê que chora, ele se retrai e entra
E em seu casco, encontra refúgio uterino
E a familiaridade do ovo gerador
Ele sussurra segredos de recém-nascido para a umidade
E ela responde, em calor de vapor bom
A feitiçaria de ser invólucro
O esconder
Sua concha é o mapa de sua vulnerabilidade
E seu sangue de tartaruga, sua altivez
Então, a profecia de vida inicial se cumpre:
Ele grita, chora e esperneia
E a mãe sabe e sofre
Sofre do que é inevitável
Em toda sua velhice sábia de quelônia
ela sofre de inevitabilidade
Sua lágrima, que cai na água corrente, desaparece
Ela olha a gota que vai. Vê que é assim também com seu primogênito
Ela fita o céu e sente:
A lágrima que cai na água se junta ao todo
E vira o todo
Ela fita o reflexo e sente: cabe a ela unir seu filho ao mundo
Seu filho, que não sabe da liquidez de vida placentária
Mesmo tendo estado confinado em secura ovípara
Chora da ausência do mergulho total
Ele precisa ter de volta sua submersão
Voltar para onde ainda não foi é seu direito
Com mãos de piedade, a mãe retira o filho do ninho
Tira o fragmento de ovo da testa pequena: amor
Com mãos de sereia, ela penteia a lisura da cabecinha
E com mãos incumbidas do sacrifício
Ela pousa o filhote no molhado
Já está acostumado com a água
pois certas vivências nos são inerentes
Com mãos de Poseidon, ela batiza o filho com a vida
E a ela, o entrega. Em redenção